Suspensão: uma das regulagens mais importantes do automodelismo,
principalmente o elétrico, onde corridas de stock não tem regulagens no
motor, por exemplo. As suspensão pode fazer a diferença.
As regulagens básicas de qualquer carro (de verdade) são:
- Convergência
- câmber (ou cambagem)
- cáster
Claro que nem todas estas regulagens existem em todos os automodelos!
Convergência é a abertura horizontal entre duas rodas de um mesmo eixo. Se
mais afastadas na frente, a direção é divergente; se mais abertas atrás,
convergente.
Câmber, ou cambagem, é o posicionamento vertical das rodas. É positivo se as rodas convergem para baixo, ficando mais distantes no topo; negativo se ficam mais distantes no ponto de contato com o solo, convergindo para cima; e neutro ou nulo, se ficam perpendiculares ao solo.
Cáster é o ângulo de inclinação do eixo do pino-mestre, que fixa a roda à
suspensão, em relação à vertical e ao eixo longitudinal do veículo. Influi
diretamente na estabilidade direcional: quanto maior o efeito do ângulo de cáster, mais intensas serão as forças de realinhamento da direção após as curvas. Outro benefício ocorre nas curvas, quando um cáster elevado torna mais negativa a cambagem da roda externa e mais positiva a da interna. Em contrapartida, um cáster menor faz a direção ficar mais leve. A diferença entre as rodas também é importante: cáster muito desigual faz a direção puxar para o lado em que o ângulo é menor.
Nem só de ângulos vive a regulagem. Quando se anda em pistas (pelo menos um pouco) irregulares, quem realmente entra em cena são as MOLAS e os AMORTECEDORES.
São três as molas mecânicas usadas em automóveis: a de flexão, em que uma lâmina ou mais juntas se flexionam (semelhante à dianteira do chassis F103 e à traseira do Mini-z); a de torção, situação descrita pelo próprio nome (nunca vi em automodelos); e a helicoidal, que pode ser considerada uma mola de torção enrolada (a maioria dos automodelos). O que caracteriza a torção é uma seção infinitamente pequena se torcer em relação à outra, e isso ocorre tanto na barra ou lâmina de torção quando na mola helicoidal.
Nota: No chassis F103, a própria suspensão atua como mola, diferente do TA03, onde foi utilizado molas helicoidais.
Os amortecedores são um show à parte: se nos modelos não é preciso gerar conforto (ehehehehe), ficam com sua função principal: "frear" os movimentos que as molas permitem - se eles não existissem, o balanço decorrente da passagem sobre uma irregularidade não cessaria, prejudicando o controle.
Engano freqüente é considerar o amortecedor responsável pela rigidez da
suspensão em curvas, ou seja, um amortecedor mais duro traria ganho
proporcional em estabilidade. Não é bem assim, pois a tarefa de controlar a inclinação da carroceria em curvas é das molas, auxiliadas ou não por barras estabilizadoras (que muitos modelos possuem em ambos os eixos, outros em um só, e alguns não possuem).
Nos automodelos, pode-se mudar a reação do amortecedor com diversos
silicones de viscosidades diferentes.
Óleos mais "grossos" (maior viscosidade) tendem a deixar o amortecedor mais duro, mas podem atrapalhar o movimento normal da suspensão, deixando o auto "pulando"
Óleos mais "finos" provocam o contrário, mas cuidado que podem ficar tão macios que sua ação será menor do que a necessária.
Também pelo tipo de suspensão, dá pra se ter uma idéia de como o carro tende a se comportar.
Suspensões com eixo rígido, como o F103 e o Mini-z, são bem mais simples de se fabricar e manter, mas têm alguns inconvenientes: uma oscilação sofrida por um lado chega ao outro, gerando instabilidade, e ao passar em uma oscilação o maior peso não-suspenso (até o motor se encontra na mesma área do eixo!) faz a suspensão traseira "pular".
Outras soluções, como a de braços sobrepostos e multibraço tendem a dar muito mais estabilidade para o modelo, além de regulagens mais completas.
Por fim, as famosas barras estabilizadoras:
A barra estabilizadora, ou simplesmente estabilizador, consiste em uma
ligação entre as suspensões das duas rodas de um mesmo eixo, com o fim de estabelecer um vínculo entre seus movimentos. Em uma curva, com a inclinação da carroceria (rolagem), as rodas externas à curva tendem a comprimir as respectivas molas, enquanto as externas à curva tendem a se afastar da carroceria, distendendo suas molas.
É aqui que entra o estabilizador: ao "amarrar" com certa flexibilidade as
rodas interna e externa de cada eixo, ele as mantém mais niveladas, reduzindo a inclinação da carroceria. Existem estabilizadores de diferentes bitolas, quanto mais grossa a bitola maior a "amarração" de um lado para outro. A avaliação prática é o melhor meio de verificar se um estabilizador está ajudando ou atrapalhando. Ocorre que, quando menor a rolagem (graças ao efeito do estabilizador ou de molas mais duras), maior a tendência daquele eixo a desgarrar, a sair em curvas. E dá-lhe rodada!
Neste post eu não explorei 1% do assunto - regular cambagem, convergência, amortecedor, etc, é muito complexo e varia de pista pra pista e pior ainda, de piloto pra piloto.
Nas fotos do automodelo, é um "TA03R-S TRF Special Chassis Kit" que achei no site da Tamiya.
Fontes: Diversos sites "capturados" pelo Google, e partes do site BestCars.