Parecia chuva, mas não era. A poeira levantada na largada da São Paulo Indy 300, resultado do trabalho de lixamento do piso na noite anterior, dá uma dimensão do quanto de improviso cercou a realização da primeira corrida da Indy em São Paulo. E o fato de Marco Andretti ter saído ileso de um grave acidente com Mario Moraes na largada, principalmente, sinalizou o quanto de sorte tiveram os organizadores da prova, muito mais do que juízo.
Em sã consciência, ninguém pleneja um evento desse tamanho em quatro meses. Em juízo perfeito, ninguém escolhe para a corrida um lugar com problemas crônicos de alagamento. Em condições normais, esta corrida jamais teria sido realizada. Mas quando há interesses econômicos e políticos, a lógica é sempre deixada de lado.
Para os amantes da velocidade e para quem foi ao Anhembi, foi um baita de um negócio. A Indy é uma categoria interessante, a corrida foi divertida e o resultado emocionante, com Will Power assumindo a liderança nas voltas finais. Mesmo que tenha faltado água e refrigerante, não faltou emoção na pista, e isso é o principal.
O acidente entre Mario Moraes e Marco Andretti.
(Foto: Bruno Terena/Grande Prêmio)
Porém, estamos falando de um esporte de risco e as condições do circuito improvisado no sambódromo e na marginal Tietê foi de uma irresponsabilidade ímpar. Culpa não só dos organizadores brasileiros, mas também da própria IndyCar. As condições do asfalto, cheio de ondulações, eram uma das piores que já vi até hoje. Em uma tentativa de ultrapassagem na reta da marginal, o carro de Ryan Hunter-Reay pulou tanto que o piloto norte-americano quase perdeu o controle. A drenagem ruim formou verdadeiros lagos na pista assim que começou a chover. Mas a chuva passou rápido e foi necessária apenas uma breve interrupção na prova.
Mas nada supera o mais grave dos problemas: a falta de aderência na reta do sambódromo. Durante os treinos de sábado, os pilotos escorregavam e não conseguiam usar nem 25% do acelerador, como se estivessem guiando sobre gelo. E o narrador-promotor Luciano do Valle ainda insinuava que era proposital: “É mais uma atração para o público! É mais um desafio para os pilotos!”. Patético. Nunca tinha visto nada parecido em uma competição de alto nível.
A solução encontrada foi passar a madrugada lixando o piso, a fim de deixá-lo mais áspero e aderente. Funcionou, mas a quantidade de poeira que ficou na reta tornou-se outro perigo. Na largada, quem vinha atrás não via nada, provocando uma série de colisões na primeira curva. Na mais séria delas, o carro do brasileiro Mario Moraes saltou por cima de Marco Andretti e ficou dependurado no cockpit do piloto norte-americano, com o pneu traseiro direito pressionando sua cabeça. Por muito pouco, não ocorreu uma tragédia.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. A corrida foi boa, Vitor Meira e Raphael Mattos fizeram grande figura chegando na terceira e quarta posições, respectivamente. Apesar da precariedade da organização e dos graves erros, a prova deve ser mantida no calendário, confirmando o contrato de cinco anos. Para sorte dos sem-juízo.
fonte:
Blog do Capelliaté onde eu consegui ver, pra min concordo 100% com o Capelli... senti vergonha dessa Indy e espero que ano que vem eles pensem melhor. ver os carros pulando na reta pra min foi um absurdo.